quarta-feira, 9 de julho de 2014

Cursos Raízes Culturais · Espaço da música clássica, Festival chega aos 25 anos em Juiz de Fora


Criado em 1990, Festival do Pró-Música celebra respeito e planeja o futuro.
Edição de 14 a 27 de julho terá Beethoven com instrumentos de época.


Alunos do Festival se apresentam em orquestra
(Foto: Reprodução/ TV Integração)

O Centro Cultural Pró-Música, de Juiz de Fora, está em festa. O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga chega à 25ª edição a partir do dia 14 de julho, comemorando o espaço e o respeito conquistados como divulgador da música clássica em diferentes frentes, trazendo novidades e planejando o futuro. “O festival é bem amplo e com perfil completo para ter quem assista aos concertos, quem estuda, quem pratica, para dar visibilidade e vitalidade à área. É um trabalho que vem sendo plantado há muitos anos e que está começando dar resultado. E agora está mais fortalecido que nunca”, analisou o vice-presidente do Pró-Música, Júlio César de Souza Santos.

Origens
“Uma casualidade”, disse Júlio Cesar quando perguntado sobre os fatos que levaram à origem do festival em 1990. Na época, a instituição estava para completar 18 anos e tinha criado o "Pró Música Antiqua" (1978) e o Solistas de Câmara (1988), atual Músicos de Capella, uma das atrações do festival. Após ouvir uma gravação do Pró Musica Antiqua, em 1989, o professor e pesquisador Sérgio Dias quis conhecer a instituição. Deste encontro com os diretores do Pró-Música, o casal Maria Isabel e Hermínio Sousa Santos, surgiu a ideia de realizar um festival dedicado à música colonial brasileira. “A gente já trabalhava com a música antiga de uma forma inédita no país. Isso criou todo o ambiente para a intenção de fazer um festival tão especifico e tão temático”, destacou o vice-presidente do Pró-Música.

No dia 8 de julho de 1990, o Pró-Música fazia a abertura do seu 1º Festival. Foram 50 inscritos para oito cursos e quatro conferências em 15 dias de reflexão sobre o tema e com nomes de destaque no cenário da música, como os musicólogos Cleofe Person de Mattos e José Maria Neves.

Estudantes de cidades de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Mato Grosso, Santa Catarina, participaram de cursos de prática de orquestra, história da música brasileira e da música universal, prática coral e técnica vocal, violino, violoncelo, viola e flauta.

Deu tão certo que, em 1991, o evento dobrou, recebeu 122 alunos e 15 professores. Neste ano são 700 alunos, 50 professores, sendo dez estrangeiros da Holanda, França e dos Estados Unidos. “O mérito é focar em um tema e insistir na busca da qualidade para ele. A gente percebe que o crescimento foi visível em vista das inúmeras produções que criou, premiações que recebeu e influência que gerou. Além disso, o Festival trouxe uma visibilidade espantosa a Juiz de Fora”, disse Júlio César.

Duas semanas de música
Concertos são realizados em diferentes locais de
Juiz de Fora (Foto: Reprodução/ TV Integração)

Em 2014 estão previstos 30 concertos em 14 dias de evento, entre os dias 14 e 27 de julho. A programação não fica restrita às salas de aula, teatros e igrejas. Também ganha as ruas e outros espaços. “São eventos que dão dupla satisfação. A gente tem consciência de que Juiz de Fora tem uma plateia preparada pela qualidade das edições já realizadas. E para o artista é uma satisfação encontrar esse público, o calor humano e a valorização ao trabalho dele”, destacou o vice-presidente do Pró-Música.

Ele ainda citou outro reflexo da importância do Festival. “Um exemplo está na Orquestra Barroca. Inicialmente era formada por músicos do exterior. Hoje tem inúmeros brasileiros, muitos inclusive frequentaram a trajetória do Festival, começaram ou passaram por aqui e se especializaram lá fora”, lembrou Júlio César.

Justamente a Orquestra Barroca será a responsável por outro feito histórico do festival. Na produção do 15º CD, o grupo grava, pela primeira vez no Brasil, Beethoven interpretado com instrumentos de época. “É uma particularidade de Juiz de Fora fazer música com a interpretação historicamente correta. Depois de aprofundar no Barroco, o regente Luiz Otávio Souza Santos está avançando para outros períodos. Beethoven é o clássico por excelência e, para o meio musical, é um momento de grande felicidade ter Beethoven interpretado em instrumentos de época produzido e dirigido no Brasil”, reforçou Júlio César.

No repertório, a Sinfonia n. 1, op 21, em Dó maior e a Sinfonia n. 40 KV 550, em sol menor, de Mozart, obra canônica do repertório clássico, também em registro inédito no país e a abertura da ópera “Zaíra” (1816), de Bernardo Souza Queiroz, a mais antiga ópera composta no Brasil cuja partitura sobrevive.

A Orquestra Barroca fará a abertura do festival no dia 14 de julho, às 20h30, no Cine-Theatro Central.
Orquestra Barroca neste ano terá Beethoven no repertório do concerto de abertura e do CD do Festival
(Foto: Assessoria Pró-Música/ Divulgação)

X Encontro de Musicologia Histórica
Ampliando a festa de 25 anos do Festival, além das palestras, masterclasses e exposição de artes plásticas, o X Encontro de Musicologia Histórica também está na programação deste ano. “É um encontro bienal, que dá espaço ao trabalho de pesquisa de alto nível, com musicólogos apresentando suas descobertas na área. Todo o material é registrado em livro, algo que também não tem similar no Brasil”, destacou Júlio Cesar.

Até agora, segundo o Pró-Música, foram publicados mais de 150 textos de 100 autores nos anais dos encontros. Os “Anais do 9º Encontro de Musicologia Histórica” serão lançados durante o evento. Outro lançamento previsto é do livro “Pró-Música 40 anos – Milhares nos palcos, milhões na plateia”. “Será no último dia do festival, um apanhado de tudo que o Pró-Música começou e deu continuidade. Ele dá o laço final na produção que deixamos como legado para o futuro”, resumiu o vice-presidente.

Centro Cultural Pró-Música e seus 43 anos
Evento do calendário oficial da cidade desde 1997, vencedor do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade na categoria preservação de bens móveis e imóveis pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura em 2000. Recebeu a Ordem do Mérito Cultural, insígna concedida pela Casa Civil da Presidência da República/Ministério da Cultura em 2002 e o Troféu Guarany do 9º Prêmio Carlos Gomes, concedido por Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e Alice Carta Produções, em 2004. Tombado como patrimônio imaterial de Juiz de Fora, em 2009.

Em 2014, o Centro Cultural Pró-Música completa 43 anos, sendo os três últimos incorporado pela Universidade Federal de Juiz de Fora. “Uma instituição sólida que abraçou a Pró-Música, assumiu o patrimônio que doamos e dará continuidade deste trabalho”. O vice-presidente considera essa a maior vitória da instituição, não apenas para o sucesso do Festival, assim como o legado do espaço para a música clássica e antiga. “Isso nos alegra, essa incorporação assegura a tranquilidade de ter as próximas edições, chegar a 26ª, 30ª, 50ª, à 100ª”, reforçou Júlio César.
Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga contribui para a formação e aperfeiçoamento dos músicos (Foto: Reprodução/ TV Integração)


fonte: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/07/espaco-da-musica-classica-festival-chega-aos-25-anos-em-juiz-de-fora.html


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