segunda-feira, 15 de abril de 2013

Cursos Raizes Culturais: A pobreza na literatura, no cinema e na vida




Será que no Brasil se produz muita arte literária e cinematográfica com a temática da pobreza material por ser um tema corriqueiro, cultural ou autobiográfico?

É verdade que a maioria dos personagens publicados por grandes editoras que estão no sufocante eixo Rio-São Paulo são autobiográficos. Essa foi a conclusão da pesquisadora Regina Dalcastagne, da UNB, ao analisar mais de 250 romances brasileiros publicados de 1990 a 2004. Mas há um Brasil múltiplo e distinto tão longe dos holofotes e das vitrinas das livrarias.

No cinema, a maioria das produções elogiadas pela crítica retrata a favela e o sertão. Seria algum tipo de estigma, ou falta de produção? Nada disso! Mais uma vez, há um grande Brasil esquecido em cada canto do país, onde as verbas não chegam, onde as produções alcançam públicos ínfimos, mas de uma vasta representatividade cultural.

Quando penso em pobreza, recordo-me de ter lido alguns ótimos livros que retratam essa condição miserável nossa de cada dia. Graciliano Ramos marcou minha infância quando li Vidas Secas. Aquela situação precária dos retirantes sertanejos é avassaladora. Inclusive a morte da cadela Baleia muito me comoveu na época... Capitães de Areia, de Jorge Amado foi outro lido que li ainda garoto e me surpreendi com a vida e a pobreza daqueles meninos.

Há personagens clássicos, talvez mais lembrados nesse estereótipo material. Como os personagens de Os Miseráveis, de Victor Hugo (inclusive foi feito outro musical em 2012 para o cinema). Muitos personagens pobres viveram no Realismo influenciado por Flaubert e muitos transitaram no Naturalismo, influenciado por Zola (falando nos franceses). O Cortiço, de Aluísio de Azevedo é obra desse detalhismo humano precário. Dostoiévski lançou seu personagem viciado Ivánovitch no azar da pobreza. As vinhas da Ira, de John Steinbeck, mostraram homens pobres das regiões secas do sul dos EUA. José Lins do Rego, Guimarães Rosa também descreveram algumas miseráveis condições humanas. Ariano Suassuna temperou a pobreza dos nordestinos.

Pedro Malazarte é um personagem maior que seu autor, e representa a astúcia e a pobreza brasileira. Por falar em temáticas regionais, temos nosso Bernardo Élis e Hugo de Carvalho Ramos, dois dos nossos ícones goianos, a problemática da miséria campestre.

Personagens não tão conhecidos, como os mendigos e problemáticos do livro Cavala, do jornalista Sérgio Tavares também estão no rol da pobreza brasileira. Só para ilustrar que essa é apenas uma de nossas vertentes nacionais que não podem ser taxadas de principais, pela grande quantidade de estilos.

Muitos escritores que sentiram a penúria como experiência real em suas vidas (como Lima Barreto) e autores que, apesar de representá-la literariamente, nunca passaram por privações de natureza econômica. Há obras em que o olhar sobre a pobreza parece retratar a fidelidade ordinária das ruas. Em exemplo muito conhecido é o de Paulo Lins em Cidade de Deus, João Antônio em Bacanaço e outros exemplos não tão conhecidos podem ser os livros Quarto de Despejo, de Carolina Maria e Ferréz de Capão Pecado.

Só em Goiás, há mais de 700 aficcionados pela literatura. Cada um representa certa bagagem e maneira de ver o mundo. É realmente necessário motivar que prossigam seus caminhos. Pois ninguém, no quesito cultural compete um com o outro, mas somam várias representações culturais que merecem apreço.

Quanto à pobreza na literatura e no cinema, creio que seja apenas um dos vários temas abordados em nossa literatura e cinema. Qualquer conclusão nesse tema é precipitado. Mas a pior pobreza que existe é a pobreza de espírito. O resto, a gente vai sobrevivendo! Até a próxima página!

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(Leonardo Teixeira, escritor, publica às quintas-feiras no DMRevista)

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