quinta-feira, 14 de março de 2013

Cinema nacional precisa valorizar mais o Brasil







Em 85 anos de Oscar, o Brasil esteve entre os indicados apenas oito vezes.



foto: Divulgação


'Cidade de Deus' (na foto) e 'Tropa de Elite' são exemplos de filmes que dialogam bem com o público brasileiro devido à brasilidade apresentada pelos diretores


Em 85 anos de Oscar, o Brasil esteve entre os indicados apenas oito vezes. Mais uma cerimônia se aproxima e na cabeça dos brasileiros uma questão perdura: por que o cinema nacional não consegue chegar entre os finalistas com tanta frequência?

Segundo o professor de cinema brasileiro da Universidade Federal Fluminense (UFF) José Carlos Monteiro, o que acontece é que o cinema nacional tem usado fórmulas de filmes estrangeiros. “Atualmente temos um cinema nacional com uma produção muito rica e diversificada em termos quantitativos. Do ponto de vista qualitativo, fazemos um cinema muito tímido, em relação à complexidade da realidade brasileira”, explica.

Para ele, a produção nacional não tem a organização, a coerência e os lances de criatividade dos argentinos, por exemplo. “Estamos perdendo terreno para eles, e quando se trata de mostrar lá fora nossa criatividade, os europeus, americanos e asiáticos torcem o nariz porque passamos a utilizar fórmulas que são do cinema internacional. E para ver filmes com essa fórmula, não precisam importar produtos brasileiros, porque têm em casa”, conta o professor.

Outra questão é a falta de divulgação. Muitas vezes boas produções são lançadas, mas a distribuição e o marketing são mal feitos. Isso é o que aponta o coordenador do curso de cinema da Universidade Anhembi Morumbi, Vinícius Del Fiol. “Tem muitas produções que não conseguem um grande público por causa de logística. Quando os jovens vêm para a faculdade, a maioria pensa em ser diretor. Eu tento explicar que outras áreas também são importantes e estão carentes, como a de distribuidor. Os filmes que alcançam grandes bilheterias, normalmente têm a Globo por detrás”.

Segundo Del Fiol, o cinema nacional sempre apresentou boas obras, mas também faltam salas para que possam ser exibidos, pois a porcentagem de horas para filmes brasileiros ainda é pequeno. “Além da falta de marketing, esse pode ser um fator agravante, porque os filmes comerciais é que chegarão ao público. Ele já foi feito com o intuito de ser vendido. Um exemplo atual é o ‘De Pernas pro Ar 2’, que foi uma produção barata e com certeza boa parte foi direcionada para o marketing.”

Importação de diretores

Nomes como o de Fernando Meirelles, Heitor Dália e Walter Salles, são frequentemente ouvidos em produções estrangeiras. Isso é prova de que o Brasil tem talentos e que pode ser exportado para o mundo. “Quando Fernando Meirelles mostrou no mundo inteiro um cinema de força visual e de temática bem particular como ‘Cidade de Deus’, ele deixou os americanos impressionados. E os americanos o levaram”, cita o professor José Carlos Monteiro.

Walter Salles, com ‘Central do Brasil’, conseguiu espalhar a imagem do Brasil como um país onde a população, sobretudo as pessoas mais humildes, tenta entender em que mundo é que vive. “E vemos que uma professora e um menino saem em busca desse país. Lá fora o publico ficou interessado”, complementa o especialista.

Futuro

Segundo o professor da UFF, o cinema brasileiro em 2013, apresenta muita gente filmando, muitos filmes nas prateleiras, outros esperando a hora de nascer, vários jovens animados com a possibilidade de filmar com a tecnologia acessível que existe hoje, mas a dificuldade está no público que tem a cabeça ainda colonizada pela ideologia do espetáculo estrangeiro, americano principalmente. “Não é possível que no Multiplex de São Paulo, ou do Rio de Janeiro, que de dez salas, oito estejam exibindo o mesmo filme. É inaceitável que não tenhamos a oportunidade de botar na tela os problemas deste país. Não é possível que sejamos privados de nos comunicar com o espectador para mostrar nossas imagens, falar a nossa língua e dialogar com ele, que com certeza que se visse nosso cinema, passaria a ser solidário a essa experiência que é fazer cinema aqui.”

Para falar sobre o futuro do cinema brasileiro, o professor cita uma frase de Nelson Rodrigues: “nosso complexo de vira- latas”. “Precisamos parar de ter esse complexo e assumir que podemos fazer um cinema de alta qualidade, como conseguimos atingir quando a gente fala de Brasil com uma linguagem brasileiríssima” afirma José Carlos Monteiro, enquanto relembra os sucessos de ‘Cidade de Deus’, ‘Central do Brasil’ e ‘Tropa de Elite’, que demonstraram o quanto isso é possível.

Investimento

No início do mês de fevereiro a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) divulgaram os projetos contemplados com o Fundo Setorial do Audiovisual. Ao todo R$ 50 milhões serão investidos em 41 produções, sendo 35 longas metragens, três documentários e três filmes de animação. Dentre os projetos contemplados estão os longas: “O Juízo Final”, de Andrucha Waddington; “No retrovisor”, de Mauro Mendonça Filho; “Exodus”, de Hank Levine”; “João ou o milhafra das mãos”, de Bruno Barreto, entre outros.

Criado em 2006, o Fundo Setorial do Audiovisual investiu cerca de R$ 191 milhões em projetos desde de sua idealização e se tornou um dos mais fomentadores da área.

Fonte: http://www.dci.com.br/shopping-news/cinema-nacional-precisa-valorizar-mais-o-brasil-id333223.html
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