segunda-feira, 18 de março de 2013

Cinema Brasileiro : O Brasil precisa diversificar a produção para brigar com blockbusters






Para participantes de encontro da indústria em Florianópolis, Brasil precisa produzir mais filmes e de gêneros diferentes para ampliar participação de mercado


Luísa Pécora, iG São Paulo | 15/03/2013


O dinheiro foi captado, a equipe se formou, tudo deu certo durante as filmagens e na pós-produção. Nada disso garante que um filme brasileiro consiga superar o último obstáculo: chegar até o público. Porque o mercado está dominado por blockbusters estrangeiros, e a ocupação da produção nacional fica entre 10% e 15%.

Alcançar uma maior participação desse mercado, conhecida como “market share”, é um dos objetivos cruciais do cinema nacional. E embora existam muitas teorias sobre o melhor caminho para se chegar lá, duas apostas são claras: ampliar a escala de produção e diversificar a oferta, com filmes de todos os gêneros e pensados para diferentes públicos.





O elenco de "Vai Que Dá Certo" participa do Encontro do Cinema Nacional em Florianópolis.

Foto: Geraldo Protta / Imagem Filmes

A questão dominou um dos debates do 4º Encontro do Cinema Nacional, evento promovido pela distribuidora Imagem Filmes que reuniu realizadores, exibidores e imprensa em Florianópolis (SC) entre 7 e 9 de março. O aumento da produção é visto como capaz de ajudar a solucionar todos os principais problemas – desde a falta de profissionais qualificados até a dificuldade de planejamento.

Durante o evento, a distribuidora comemorou o fato de ter oito filmes nacionais programados para este ano e mais 12 para 2014. A expectativa é a de que a produção contínua permita que as empresas preparem melhor cada lançamento, analisando casos anteriores e descobrindo como “vender” o produto para cada região e faixa de público.

“Tudo contribui conforme a escala aumenta”, afirmou o executivo da Imagem, Marcos Scherer. “Se temos um histórico de produção, conseguimos saber como gastar o dinheiro e obtermos melhores resultados.” (Entre os dados já conhecidos: o cinema nacional, principalmente de comédia, vai pior na região Sul do que no restante do País).



Ingrid Guimarães e Maria Paula nas filmagens de "De Pernas pro Ar 2" em Nova York

Embora seja otimista quanto ao futuro (ele espera que a Imagem venda 9 milhões de ingressos para filmes brasileiros este ano, muito mais do que os 600 mil de 2012), Scherer cita alguns desafios persistentes. Entre eles, a falta de profissionais em áreas como a direção de fotografia, os problemas de captação de áudio e a dificuldade para produzir longas de gêneros como policial, ação, aventura e horror (o roteiro de “Rastro”, que segue carona na franquia “Pânico”, está sendo trabalhado há mais de três anos).

“A longo prazo a comédia vai pesar muito, até porque é o que fazemos melhor hoje”, afirmou. “Achamos um caminho que deu certo, mas estamos procurando outros. Não queremos ficar tão presos a um gênero só.”

‘De Pernas Pro Ar 2’ x ‘O Som ao Redor’

Outra questão que desafia o cinema nacional é o desequilíbrio entre os filmes de mercado e os autorais, recentemente exemplificada por comparações entre a comédia “De Pernas Pro Ar 2”e o drama “O Som ao Redor”. O primeiro, orçado em R$ 6 milhões, estreou em 718 salas; o segundo custou três vezes menos e ficou reservado a 13 salas no primeiro fim de semana.

Presente ao encontro em Florianópolis, o diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, criticou o “Fla-Flu” criado entre os dois filmes. “O Brasil precisa de todos esses cinemas: tanto o comprometido com a reflexão quanto com a diversão pura e simples”, afirmou. “Estabelecer essa dicotomia é tentar nos condenar a nunca ter uma indústria audiovisual robusta.”

Leia:Na estreia, 'Som ao Redor' tem melhor média de público que 'De Pernas pro Ar 2'



Kleber Mendonça Filho, diretor de "O Som ao Redor"


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